quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Kamikazes a cheirar a naftalina

A partir de que idade é que deixamos de querer saber em que sítio atravessamos a estrada? Em que momento é que uma pessoa, olhando para dentro, decide: “que se lixe! se eu tenho que atravessar, atravesso, quero cá saber se são três faixas de auto-estrada para cada lado”? O que é que se passa com os velhos para se sentirem imunes ao impacto que a carroçaria automóvel poderá ter nos seus carcomidos ossos?

Quer-me parecer que há um sentimento generalizado de imortalidade rodoviária (do ponto de vista do peão) que acompanha o início da utilização de produtos Corega.

E não só sentem que, se viveram até ali não será um Kia que lhes vai limpar o sebo, como ganham super poderes ao nível da velocidade. Não há velha de 79 anos que, quando decide mudar a trajetória - e, literalmente, fazer-se à estrada -, não o faça com a energia do Usain Bolt (versão 100 metros andarilho). Um minuto estão aqui, no outro têm a placa cravada num para-choques.

Na razão inversa, temos o condutor idoso que aparentemente esqueceu que há vida para além da terceira e que os automóveis já são capazes de circular a mais de trinta e cinco.

Coisas que me apoquentam sobre estas pessoas que um dia seremos nós.


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