segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O trabalho que ele dá

Entre o ginecologista e a depilação a laser, os últimos dias foram de intensa (inter)ação para o meu pipi.

Nunca deixa de ser estranho disponibilizar, para manuseamento de terceiros, uma parte do corpo que (me) é tão querida. Por mais à vontade que me tentem pôr, simplesmente não é natural.

Em ambos os casos (ginecologista e depilação a laser) havia luvas envolvidas (hey, cada qual com o seu fetiche). E ainda assim é uma invasão de espaço que não ultrapasso sem alguma dor.

Não falo de dor física, embora eu esteja absolutamente convencida de que preciso de um bico de pato tamanho XS (os senhores lá ao fundo que disseram “hã?” estão dispensados para ir googlar "espéculo vaginal"). E nem vamos falar de laser nas miudezas... É que nem vamos.

Pois que a dor de que vos falo é um dor no orgulho. E porquê? Porque falta ali qualquer coisa de quentinho. Andam para aqui, tira tira, mete mete, e depois do serviço feito - depois “daquilo” - não há nada. Nada! É que não há um abraço, não há uns minutos de carinho, não há um elogio. Não há nada. Nada.

E piora.

Quando, iludida pelo final das atividades, aconchego a(s) vergonha(s) longe da vista dos envolvidos e ensaio uma fuga com um mínimo de dignidade, chega a pièce de résistence.
Minutos depois de ser violada por dedos plásticos e objetos metálicos, ou de estrebuchar como um peixe no convés de uma traineira, ao ritmo frenético de disparos brilhantes e de cheiro a pelo queimado, esta Mulher de Sonho mete o rabinho entre as pernas (no fundo onde terceiros andaram metidos momentos antes), saca do cartãozinho multibanco e é vê-la ali a distribuir sorrisos amarelos enquanto euros, à razão de três dígitos de cada vez, se lhe escapam da conta bancária.

E nem a dor na alma nem o ardor no entrepernas me impedem de, no final de tudo isto, ainda choramingar pelo melhor horário para podermos regressar e repetir tudo de novo. Eu, o meu orgulho ferido e o meu saudável pipi careca.



1 comentário:

  1. Depois do que li e já a o que tinha como convicção, só posso rematar: mulher sofre!... :s

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Sonhos