quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Fingir? Mas para quê...?

Nunca percebi para que finge uma mulher o seu orgasmo. Não consigo encaixar os argumentos de quem o faz e não compreendo o propósito que me dizem servir.

Há tantas mulheres, jovens e graúdas, que se entregam a esta prática com tamanha regularidade que me fazem lembrar as palavras de Fernando Pessoa:

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

A dada altura já nem a mulher sabe onde termina a mentira para o outro e começa a mentira para si própria. E para quê?

Para esconder que não é - ou que não foi, naquela circunstância - capaz de atingir o clímax? Para evitar que se pense que há algo de errado com o seu corpo? Mas afinal isso é responsabilidade apenas dela? Das suas lady parts? Será menos mulher, por isso? Menos sensual, menos amante, menos amada? Se alguém acha que sim, não devia. E se esse alguém é o parceiro, então nem há razão para se dar ao incómodo. O parceiro é claramente totó (é o termo técnico).

Ou será para não falhar no papel de super-mulher que demasiadas vezes impomos a nós próprias? Queremos ser boas profissionais - implacáveis a gerir negociações, cativantes com os nossos clientes, líderes de equipas motivadas e ganhadoras -, queremos chegar a casa e ser chefs de cozinha - capazes de cozinhar sushi, mão de vaca ou pudim de ovos à moda da avó (dele) -, queremos ser as melhores mães - as que ajudam nos trabalhos de matemática, dão banho, contam uma história e de manhã levam à escola -, e depois ainda queremos ser magras e atléticas, ir correr à beira rio, ter o cabelo e as unhas impecáveis, ter tempo para estar com as amigas, apoiar os pais e os sogros, e todas as noites ter sessões de sexo escaldante, com direito a mais múltiplos que dedos das mãos, e fazê-lo adormecer com a convicção de que nunca quererá outra mulher a dormir contra o seu peito. A sério, senhoras? Assim não admira que finjam. É o mais fácil. E o mais parvo.

Será para não magoar sentimentos? Na base, até compreendo este motivo. Mas pensem lá comigo: fingir não é sustentável, pois não? Vamos proteger alguém com base numa mentira, privando-nos de uma sexualidade completa? E no dia em que nos cansarmos e o outro questionar o que mudou?
Este argumento faz-me sempre lembrar a história da coleção de hipopótamos. Alguém que tinha um familiar que em certa ocasião lhe ofereceu um hipopótamo de loiça. Para não magoar os sentimentos de quem fazia a oferta, o agora dono do bibelot mais feio do universo, teceu-lhe enormes elogios. Claro está que em todas as futuras ocasiões festivas, fruto da alegria que demonstrou perante aquela lembrança, voltou a receber hipopótamos de loiça. Maiores ou mais pequenos, feios ou horrorosos, mas sempre dados com a convicção que estariam a fazer feliz quem os recebia. E a cada momento a povoar a sua casa com a odiada coleção.
Vamos lá, vocês querem MESMO começar uma coleção de orgasmos de loiça? Se é que me entendem.

Muitas mulheres sentem que falham quando não conseguem “lá” chegar. Mais depressa se culpam a si do que ao outro ou às circunstâncias. O que não podia ser mais errado. Às vezes é uma questão de timings, de se estar mais ou menos à vontade, do cansaço, do tipo de sexo (muitas mulheres só atingem orgasmos com sexo oral, por exemplo) ou, tão simplesmente, de não pôr tanta pressão nesse momento. É quase como aquele espirro que nos faz interromper uma conversa, cria enorme expectativa, e que depois não há meio de se soltar.

Uma relação sexual não deve ter como único objetivo o atingimento de um orgasmo. Se tiver, tanto melhor. Se forem vários, fantástico. Mas o sexo deve ser uma experiência em si mesma. Positiva pela energia que se transmite, pelo toque, pelos sentimentos que se geram e pelo que acrescenta ao amor, se acontecer dentro de um relacionamento em que o haja.

Proponho pois que parem com isso. Parem, simplesmente. Pode ser? A próxima vez que estiverem com a vossa pessoa, desfrutem, sem pressão, do momento que viverem. E aprendam, em conjunto, qual o caminho para chegar ao vosso orgasmo. Somos mulheres, mas não somos todas iguais.

Acabemos pois com a farsa, antes que a farsa acabe connosco.


No meu carro ainda é Verão

Entro no carro e estou sempre 1h atrasada. Não é a escolha da indumentária, nem o cabelo, nem a maquilhagem. É apenas porque, por mais voltas que dê, não me consigo lembrar de como se programa a porcaria do relógio. Duas vezes por ano é este drama.

Já carreguei em tudo o que é botão e aparentemente todos ligam uma escova limpa para-brisas. As da frente ou a de trás, mais devagar ou mais depressa, tudo lá vai dar. Um inferno.
Nem percebo o porquê deste meu bloqueio quando o relógio do forno reprogramei no próprio dia. Sou um cliché.

Se podia consultar o manual do carro? Podia mas o porta-luvas está tããão longe e nunca é boa altura e se calhar até espero pela próxima mudança de hora.

É nestes momentos que penso que um homem até dava jeito.
Mas depois olho para o rolo do papel higiénico, sempre impecável, sempre substituído quando tem que ser substituído, nunca a atormentar-me num momento pós-xixi (na melhor das hipóteses) com meia folha esfrangalhada, e passa-me rapidamente.

Alguém sabe quando começa a hora de Verão?



quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Sou da ternura

Eu sou uma confessa velha dos afetos.
Uma idosa do carinho.
Uma clássica do mimo.

Eu acredito piamente no valor supremo da ternura.
Aprecio pequenos gestos cheios de significado.
Gosto de gentilezas e de cavalheirismo.

Eu enterneço-me ao ver velhos de mão dada, ainda que desconfie sempre se não estarão a enganar os respetivos cônjuges, presos a uma cama com uma bacia partida ou cataratas galopantes.
Ir às chegadas do aeroporto sem um pacote de lenços é impensável. Se tenho que lá ficar mais do que meia dúzia de minutos é certo que se me vão encher os olhos de água.

Eu gosto de andar de braço dado.
E adoro beijos na testa e nas mãos.

O amor comove-me. A ternura quebra-me a casca.

 

 
 


 
 
 

Venham cá à mamã!

Se dúvidas tivesse que o meu fim seria pela boca, essas dúvidas acabam hoje.
É que os queridos da Lay’s propõem-se a levar-me pela mão até os últimos momentos da minha vida. Será uma questão de tempo até não conseguir passar na ombreira da porta e menos ainda até não me conseguir levantar da cama. Nem querer! Batatas fritas cobertas de chocolate? BATATAS FRITAS COBERTAS DE CHOCOLATE?

Vai ser um final tãão feliz.



terça-feira, 26 de novembro de 2013

O Livro do Ano - Outono

O Livro do Ano é um livro do Afonso Cruz, um fantástico escritor português que descobri há pouco tempo. Este livro está organizado pelas estações do ano, tem ilustrações únicas e é como que um diário mágico, cheio de poesia na prosa.

Hoje trago-vos algumas das minhas passagens preferidas, do Outono. Acreditem que foi difícil escolher. É como comer Pringles: a próxima é sempre a última batata frita que vamos tirar e depois nunca é, até acabar o pacote.

Outono

27 de Setembro
Caiu a folha de um livro. Já é Outono.

2 de Outubro
Uma só letra é muito importante.
Se não fosse o «g», o gastrónomo teria que se dedicar às estrelas e aos planetas.

24 de Novembro
Há coisas que não se podem guardar em frascos, como os beijos e os dentes que ainda não caíram e os pensamentos e a luz das velas.


3 de Dezembro
O meu avô diz que a felicidade é uma péssima corredora e que é fácil fugirmos dela.
E a tristeza?, perguntei.
É uma excelente corredora, respondeu ele.

3 de Dezembro
Para aquecer o corpo, o melhor é uma lareira. Mas, para aquecer a parte de dentro do corpo, o melhor é ler.




Se já estão à procura de presentes de Natal, esta é uma das minhas sugestões. É perfeito para quem gosta de ler, pela beleza do conteúdo, e perfeito para quem não é um leitor regular, pela leveza do mesmo. Custa 15€ e está disponível na FNAC e na Bertrand.
 


Poltergeists, sacos de pasteleiro e papel higiénico

Fazer uma mudança é - há que dizê-lo com frontalidade - uma grande merda.

Implica embalar e desmontar o que temos no local A, para transportar para o local B, onde nos aguarda a tarefa de desembalar e montar tudo de novo. Dá trabalho e perturba-nos a vida. O processo é normalmente demorado e cansativo, faz-nos perder a paciência em menos de nada e deixa-nos com meia dúzia de coisas partidas.
Como disse, uma merda.

Ando nesta vida. Ainda na fase de preparação mas já com a paciência por um fio. Daqueles muito finiiiinhos.
Infelizmente, em vez de me aparecer a Fada das Mudanças durante a noite (sim, é real, calem-se) ou de encontrar um baú bem fundo, cheio de euros que pagassem uma mudança profissional (daquelas que, na casa nova, até as molduras e os detergentes nos deixam alinhados), está esta Mulher de Sonho a preparar tudo sozinha.

No meio de lamentos recheados de obscenidades e de colossais nódoas negras que vou colecionando devido ao embate em caixotes e móveis fora do lugar, elaborei uma lista mental de coisas que não ajudam no momento de fazer uma mudança.
Partilho-a convosco. Sintam a minha dor.

Gostar de dormir
Há mil coisas para tratar. Nunca há tempo suficiente durante o dia. Dormir, agora só lá para janeiro. Se gostam de dormir, fiquem na vossa casa. Para sempre.

Querer ter as mãos arranjadas
Tenho as mãos de um estivador com 15 anos de carreira. Podia facilmente fazer esfoliação sem precisar de creme esfoliante.

Ter um gato
Eu adoro o meu gato. É fofinho e lânguido e dorme várias horas ao Sol, contorcendo-se de prazer e de contemplação felina. Mas ter um gato enquanto se faz uma mudança, é ter um poltergeist connosco. A sério. Não há caixote aberto no qual ele não entre. Não há saco que ele não explore. Não há loiça deixada casualmente numa bancada cuja resistência ele não queira testar, atirando-a ao chão. O meu gato já trepou pelas pernas do tipo do MEO, já se assanhou ao senhorio, já evacuou durante uma visita de potenciais arrendatários. A casa de banho dele é na cozinha. Eles estavam na cozinha. Eles nunca mais deram notícias.

Ter alergias
Preciso de uma máscara de cirurgia feita de papel de fralda para absorver toda a água que me escorre do nariz quando mexo em roupa e em coisas guardadas há mais de 3 horas. Sou uma carpideira profissional combinada com um caracol: choro e largo ranho em todo o sítio por onde passo.

Fazer refeições em casa
Esqueçam. Tudo o que é utensílio que precisam já estará embalado. Por outro lado, por uma razão que desconheço, o saco de pasteleiro e a tesoura do peixe serão sempre as últimas coisas a guardar. O ideal é comer fora ou encomendar qualquer coisa. Mas nem isso é pacífico: ontem ao jantar limpei a boca a quatro folhas de papel higiénico. E apesar de ser patético, oiçam o que vos diz esta pessoa com vasta experiência em mudanças: embalem os guardanapos, embalem o papel de cozinha, embalem tudo, mas nunca, NUNCA, caiam no erro de embalar o papel higiénico antes do exato dia da mudança. Nunca.

Ter orçamento limitado
Há sempre um cabo, uma lâmpada, um móvel de apoio, um pequeno ou grande eletrodoméstico, uma abertura de contador, um encerramento de contrato, um parquímetro, um técnico, dois técnicos, um jantar que se oferece a um amigo que nos ajudou a transportar um saco de hipopótamos para um sexto andar sem elevador, que chegam para surpreender as nossas escanzeladas finanças. Se estiverem a preparar uma mudança contem sempre com um acréscimo ao valor inicial para estes imprevistos. Nunca falham.

De maneiras que é isto. E o tempo a passar.
Portanto, se me dão licença, vou só ali sentar-me no chão e desesperar um bocadinho.



segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Say something

Say something, I'm giving up on you
I'll be the one if you want me to
Anywhere I would have followed you
Say something, I'm giving up on you

And I am feeling so small
It was over my head
I know nothing at all

And I will stumble and fall
I'm still learning love
Just starting to crawl

Say something, I'm giving up on you
I'm sorry that I couldn't get to you
Anywhere I would have followed you
Say something, I'm giving up on you

And I will swallow my pride
You're the one that I love



Pergunta

Se no fim-de-semana tiver ido ao cinema e bebido uma pepsi, isso fará de mim:

   i) pouco patriótica
   ii) desatenta às indignações populares
   iii) completamente-a-borrifar-me-para-a-merda-do-anúncio-eu-até-prefiro-coca-cola-mas-se-não-há-não-vou-acompanhar-as-pipocas-com-um-suminho-de-ananás

É escolher.
  
 
 

A noiva vai feia e é preciso dizê-lo

Hoje apetece-me falar de noivas.
A época dos casamentos tende a abrandar com a chegada do Inverno pois noiva que é noiva gosta de ter o céu azul, o Sol a brilhar e 30 gloriosos graus a cozer os convidados nas suas melhores farpelas.
Noiva que é noiva gosta também de ter o mais lindo dos vestidos pendurado no mais magro dos corpos. Depois de meses e meses de dieta, de inevitável mau feitio, de quase derrubar a mais sólida das relações, sentir-se uma princesa é o mínimo.
Lambem revistas, procuram recortes que fizeram aos 13 anos e que deixaram entalados no diário cor-de-rosa, peregrinam pelas lojas do país, sempre em busca do pedaço de tecido que as fará sentir tão especiais como elas sabem que querem ser e estar.
E, com alguma sorte, no dia abençoado, lá vão elas, a desfilar orgulhosamente o modelo escolhido com as amigas, as madrinhas, a mãe ou a sogra, por entre muitos risos e algumas lágrimas. Um segredo fofinho que guardaram do maltratado noivo durante meses, para “não dar azar”.

Na maioria dos casos diria que corre bem. Ou que é normal. É um vestido. De noiva. Ponto.
Mas depois há as exceções. As gloriosas e amadas exceções são os vestidos que revelam que a noiva afinal foi criada num circo de leste e que chegou para arruinar a reputação do maridinho junto do chefe, dar material de conversa a todos os amigos e afastar para sempre aquela tia do interior, solteira e sem filhos, que só foi convidada porque tem a conta bancária recheada e já vai no terceiro cancro. E logo agora, quando deste é que ia ser.

“Ah, porque uma noiva é sempre linda e vai radiante e coiso”
Não, não. Desculpar-me-ão mas isto é um mito alarve e é preciso dizê-lo. Está porventura ao nível de “os bebés são sempre lindos” ou “o tamanho não importa”.

Há por aí muita noiva que devia ser abatida à catanada ou, vamos lá, no mínimo, violentamente insultada por ferir olhos de familiares e amigos com exibições de mau gosto para além do humanamente aceitável.
Bem sei que gostos não se discutem, mas caramba, alguém quer argumentar a favor de algum destes modelitos? Hã? Alguém? Vamos lá então a isto.



Vestido “Quando contei ao meu pai que estava grávida, ele obrigou-me a casar. Ele vai ver: quem ri por último, ri melhor!”.
Claramente, ninguém se riu.



Vestido “Onde é que começa a noiva e acaba o bolo?”.
Isso, filho, continua a alimentá-la e depois diz que um dia acordas achatado entre uma caixa de frango frito e 7 quilos de tecido mamário.



Vestido(s) “Já que vai casar com um médico ginecologista, por que não fazer um casamento temático?” ou “Um desastre nunca vem só #1”.
Pena não mostrarem a sugestão para o fato do noivo.



Vestido “Podem tirar a noiva do bar de strip mas nunca tirarão o bar de strip da noiva”.
Por sorte, na fotografia não conseguimos ver o vestido de tule azul que esvoaça ali ao lado. "Um desastre nunca vem só #2."



Vestido “O branco faz-me mais pesada. Não tem aí nada num tom mais escuro? Tem? Que bom, então levo mais uns metros de pano e trato também do fato do noivo. Ele vai ficar radiante!”
Atentem na expressão do noivo. Radiante? Parece-me que não.

 

Vestido “Oh ‘mor quando eu disse que gostava que o vestido tivesse decote não era bem isto…”.
Por outro lado, assim ninguém repara na franja do noivo.


 
Vestido “Não andei a comer salada de rabanetes com sumo de limão nos últimos 15 meses para me tapar com um vestido! Tragam-me uma mão cheia de flores de pano que eu arranjo aqui qualquer coisa." 
Alguém que diga ao noivo que lá por usar a camisa do irmão mais velho, não precisava de levar as calças do irmão mais novo.



Vestido “Gado bovino, TUDO BEM! Gado caprino, NADA CONTRA! Gado suíno, SIM SENHOR! Mas é com a minha ovelha que eu quero tar, faxabôôôôr!”


E dizem vocês “Mas oh maravilhosa Mulher de Sonho, claramente estas imagens não são de casamentos portugueses. Isto cá não é assim.”
Ai não? Ai não? Pois saibam os estimados leitores que esta Mulher de Sonho já assistiu ao vivo e a cores (e que cores) a um casamento folclórico. Este texto nasce da dor. Na carne.

Entre o vestido encarnado e dourado e os centros de mesa pouca diferença encontrei. E o casamento nem era no Natal (pronto, podia ser um tema e aí tentaria compreender) (não ia conseguir, mas tentaria) (ninguém conseguiria).
Aquele vestido violentou-me as córneas uma e outra vez, durante horas, e acho até que cheguei a ver o padre a rir, quando a noiva se aproximou do altar.

O animado casal entretanto já se divorciou, a noiva já voltou a casar (será das pirosas que eles gostam mais?) e relataram-me que, neste segundo, a coisa foi mais moderada (a esse eu não fui) (o meu oftalmologista desaconselhou).

Portanto, noivas do meu país, tende lá atenção ao que querem deixar registado no dia do vosso casamento. Não adianta marcar copos de água com 1 ano de antecedência e escolher o presente mais fofinho (ainda que irremediavelmente inútil) para distribuir aos convidados se tudo o que nos vamos lembrar é que a noiva ia vestida de couve-de-bruxelas albina ou de prostituta de beira de estrada. Pode ser? Vejam lá isso.


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O meu pequeno pónei dançarino

Apesar de ser do tempo em que meninas da minha idade brincavam com os seus/meus pequenos póneis, nunca me deu para pedinchar à mamã e ao papá um cavalinho atarracado e colorido, cuja crina pudesse pentear.
Nem mesmo na Feira Popular, onde havia um deprimente carrossel em que póneis verdadeiros (e miseravelmente infelizes), levavam meninos e meninas a dar uma voltinha no lombo por uns quantos escudos, isto era coisa que fazia os meus olhos de criança brilhar.
Nunca pedi para ter um cavalo e nunca me imaginei uma amazona a cavalgar pelas planícies.
Não estou a julgar – cada um sabe de si e dos animais que deixa entrar nas suas fantasias – mas eu sempre fui mais uma miúda de livros. E de legos. E de cães e de gatos.

Qual não foi portanto o meu espanto quando finalmente, estes anos volvidos, percebi o encanto de um pónei. Atentem pois nesta pequena maravilha e nem se atrevam a dizer que não é real. CLARO que é, não sejam parvos! Todos sabemos que o difícil foi fazer o casting para escolher o melhor dançarino. Claramente, este mereceu.

Tenham um fim-de-semana feliz, sim?



Para a semana, mudo de vida

No passado, quando formulei este pensamento ou disse este conjunto de palavras, estaria seguramente a referir-me a uma destas coisas:

a) começar uma dieta e/ou parar de comer como um hipopótamo
b) (re)começar a ir ao ginásio ou a correr
c) reavaliar uma (má) relação

Desta vez o motivo é d).
Não é que não precisasse de começar a comer melhor (que é como quem diz, pior) mas agora é diferente.

A busca por uma nova toca a que pudesse chamar lar, terminou. É tempo de pegar nos tarecos e começar uma vida diferente. A Mulher de Sonho vai mudar de casa.

Das muitas mudanças que fiz nos últimos anos, esta é a mais difícil. De longe. Não só porque quando chegamos à sétima, o entusiasmo diminui (sim, sim, sétima) mas sobretudo porque já se conhecem todas as dramáticas fases que temos que atravessar até a nova casa estar confortável. É como ir à depilação: queremos ter pele de golfinho bebé, conhecemos o processo, sabemos que vai custar, mas na verdade nada nos prepara para ter um laser apontado ao ânus.

Portanto, como o que tem que ser diz que tem muita força, esta Mulher de Sonho vive agora dias de glória por entre caixas de cartão grosso, papel de revista e rolos de papel bolha.
Ainda nem comecei a embalar e já tenho suores frios de cada vez que olho para o papel bolha e ele olha de volta e me diz, numa voz arrastada e sensual, “vá, rebenta comigo, de que é que estás à espera?”. E eu suo, porque na verdade, eu quero lá embalar alguma coisa! O que eu quero realmente é sentar-me no chão e rebentar uma – bolha – de – cada – vez. Paac! Paac! Paac! Paac! E depois rebolar por cima do plástico vazio, mandar vir uma pizza, ver uma série e esperar que a Fada das Mudanças apareça durante a noite e que trate de tudo por mim (também não tenho dormido muito) (nota-se?)

A vertigem que se segue - e que vem lá a enorme velocidade - é a de meter a vida em caixas e em sacos, e meter as caixas e os sacos, e a vida lá dentro, na mão de estranhos, e perceber que anos de existência cabem em camionetas de tamanho médio. E que se alguma coisa explodir durante a viagem e tudo pegar fogo, nem os cartões das caixas posso aproveitar para dormir debaixo da ponte. Dramática, eu?

Admitamos que tudo corre bem. Tudo intacto espalhado pela casa. E agora? Agora serão dias a fio à procura disto e daquilo. E, do que for que eu preciso, estará sempre na última caixa em que procurar. Ou na primeira, mas debaixo de uma coleção de bigornas. Ou de pianos de cauda. Vocês entendem.

E o clássico momento em que odiarei toda a Humanidade por ter escolhido aquela casa nova? Pois é. Há sempre um momento que me faz questionar tudo. Pode ser uma torneira que pinga toda a noite, uma fresta de janela impossível de tapar ou o contador na parede no qual darei uma cabeçada por semana. No mínimo! (quem é que pôs aquela merda naquele sítio?) (viviam ali anões, era?) (não se vê mesmo que aquela aresta é para matar?)

Desejem-me pois muita sorte e muito vigor pois o que lá vem não é fácil.
Sou de sonho mas não sou de ferro.



quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Mulher de Sonho, Rainha dos Soluços

Se eu fosse uma rainha, seria a Rainha dos Soluços.

Eu já tive soluços em todas as ocasiões: nas aulas do liceu, nas aulas da faculdade, nas aulas durante um exame, em reuniões de trabalho, em jantares românticos (era um jantar romântico, depois passou a ser o circo Chen), na praia, num concerto e até num velório.

Os meus soluços já fizeram rir, já interromperam e já incomodaram.
Eles já mobilizaram amigos, conhecidos e até desconhecidos, ávidos por testar nesta freak todos os truques para os fazer parar.
Eu conheço todos mas só um funciona comigo - e, mesmo assim, nem sempre.

Os meus soluços vão de “hic” a “hucc” e até a “ai que não aguento mais, é desta que me fico”.

Os meus soluços já duraram menos de um minuto (sem contar com os falsos alarmes) e já duraram mais de 1 hora (do mais divertido que possam imaginar).

Alguns têm graça (na verdade, os primeiros cinco têm quase sempre), outros envergonham e muitos magoam.

Genericamente, as causas que geram soluços são variadas: comer depressa, rir muito, falar durante muito tempo, ingerir bebidas alcoólicas em excesso, chorar compulsivamente, e vomitar, são algumas delas.

Concluo, portanto, que ou o meu diafragma sempre quis protagonismo (mesmo quando ainda não havia decote para exibir) ou ando há anos a vacilar, num alarmante quadro mental, entre a euforia, a depressão e o alcoolismo.





Nós, as mulheres

Adoro isto. É com indisfarçada vergonha que admito que demasiadas vezes somos assim.

Se gostamos, aceitamos quase tudo. Dá-se-nos um ataque galopante de miopia que ataca em simultâneo a visão e o bom senso.
Se não gostamos, pode vir coberto de ouro e ter um mastro de 20 centímetros. É como se fosse forrado a papel de parede e estivesse encostado a uma parede forrada do mesmo padrão.

Quem ainda não teve o homem perfeito à disposição e o deixou pendurado por um parvo qualquer que nos fez chorar noites a fio, que atire a primeira pedra.

 
 

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Boas maneiras na cama – ou onde se quiser

Eu acho que devia haver um livro sobre etiqueta sexual.
Podia ser um guia rápido, daquela coleção “qualquercoisa for dummies” (já que essa malta explica tantos temas, por que não isto?). Ou mesmo um guia exaustivo, com todos os meandros e variações, resultando num monstro tipo Guerra e Paz. Assimcomássim, alguém se apressaria a fazer o filme.
Tanto faz. Mas era fazer-se.

O que eu queria era algo que nos ajudasse a navegar por entre o desconforto e o desconhecido de quando se está com alguém em situações de maior intimidade: a etiqueta sexual (Paula Bobone, onde é que a menina anda quando mais de si precisamos?)

Uma boa ajuda é, claro, dar esse passo quando já se tem cumplicidade e à vontade com a outra parte. É uma excelente ajuda. E, quanto a mim, acrescenta mil pontos a toda(s) a(s) experiência(s).
Mas a cumplicidade sexual constrói-se e até se lá chegar há muito terreno hostil.

Rir também é um excelente aliado. Aligeira qualquer momento constrangedor e é a minha política preferida para o embaraço (nem sempre podemos fugir ou esconder a cara num livro).

Por isso, este guia ajudaria em pequenas coisas que, quanto a mim deviam estar definidas. Era isto que eu queria poder consultar.

Por exemplo: quanto tempo, após o “fim” devem os corpos permanecer encaixados? Sim, quanto? 10 segundos? 30? 1 minuto? De imediato? Alguém sabe?
É um momento doloroso porque não queremos desacoplar (nunca uma palavra foi tão bem utilizada) demasiado cedo, não é? Sobretudo se gostamos da outra pessoa. Arriscamos passar a imagem de “ora bem, agora que já está, chega-te mas é para lá, que eu tenho mais que fazer”. Por outro lado, também não queremos ficar ali até criar teias de aranha. Sobretudo se a posição não for a mais cómoda. Ou se o parceiro pesar mais de 90 quilos e tiver tendência para o soninho pós-coital. Amor sim, mas com as costelas intactas.
Então o que fazer? E se estão ambos à espera que o outro ensaie um movimento de fuga? E se lhes dá para a teimosia? Hã? Não concordam que isto devia estar escrito?

Outro momento de incerteza: e se um deles tem que se levantar cedo no dia a seguir e está na casa do outro? Quanto tempo de miminhos pós-amor é o tempo mínimo para não parecer que só lá fomos para olear as juntas? De quanto tempo precisa um homem para não se sentir sujo ou usado ou lá o que for que os homens se sentem nestas alturas? E será que sentem? Se calhar nem sentem! Mas nesse caso, e as mulheres? Quanto tempo, minhas senhoras?
O meu livro é democrático e gender-free. Todos poderiam e deveriam lê-lo. Proponho até uma versão audio-book para se ouvir durante a intimidade. Não era giro?

Mais uma: o dedo no rabo. Sim, sim. Uma inquietação premente na sexualidade moderna. Diz que é do mais agradável que pode haver - um dedinho maroto pelo rabo do vosso homem acima. Mas como lá chegar? Não me interpretem mal: eu sei o caminho. Mas como dar início a essa prática? É que ainda há por aí muito macho a achar que isso é coisa de gay. E ninguém se quer arriscar a levar uma palmada na mão ou um “olhááááííííí!” no calor do momento. Então como introduzir (mais uma excelente utilização de forma verbal) a questão? Ao jantar? No sofá, enquanto se vê um filme? E que tipo de filme: ação, musical, de suspense? E se for de desenhos animados vamos ser olhadas de lado?

É o que vos digo. Isto seria uma excelente ajuda.
Senhores editores, pensem no assunto. Estarei disponível para pareceres, inquéritos de opinião ou testemunhos anónimos.
Vejam lá isso.



The internet is for...

Este vídeo, com esta linda canção e grande mensagem de verdade, já não é novo. Mas faz-me sorrir de cada vez que o vejo.

Espero que faça o mesmo por vocês.


A propósito, the internet is also for reading interesting and funny blogs. So please do come back.
Que é como quem diz, nos intervalos do que andam para aqui a fazer, cá vos espero. Sem porn.
É favor terem um dia feliz, sim?

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Era uma vez

Era uma vez um pensamento meu
Quase podia ser segredo teu
E meu
Era quem sabe um tempo de inventar
Subires o meu corpo
Caíres do meu sonho
E ficares em nós

Era uma vez um sonho que não sei
Que se fez asa, sopro, ar
Quase lhe toquei
E a pressentir porquê fui atrás
E ainda o vi
A esconder-se em mim
Era talvez um tempo pra te dar
Era talvez um tempo de te amar

O tempo que não foi tempo não passou
O sonho que se fez pele e se guardou
aqui ficou
Como se fosse sopro, asa, ar, escondeu-se em nós
E no teu olhar
Fica pra sempre um tempo de te amar



Eu, com dezasseis anos

Há dias em que o meu cabelo se transfigura. É outro cabelo.
Imaginem um cabelo com um sobretudo, um bigode e um chapéu. Irreconhecível, num (mau) filme de espiões. Ou um cabelo com um boné de basebol e uns óculos escuros, na vida (real) de uma estrela de Hollywood. Reconhecível mas apenas pelos mais atentos ou mais sortudos. Ou mesmo um cabelo com um fato de super-herói e uma voz mais grave. O bat-cabelo. Vocês entendem: é o cabelo de outra pessoa que ali/aqui está, agarrado à minha cabeça, a seguir-me para onde quer que eu vá. Assobia, quando eu ensaio um olhar mais atento. Mas ele sabe que eu sei que aquele cabelo não é o meu.

Não tenho explicação para este fenómeno.
Quem tem cabelo ondulado diz que a humidade ou a chuva são fatais. O meu cabelo é liso. Ou melhor, é liso na maior parte do dias. Nestes, nem tanto.
Nestes dias, sem razão aparente, parece que dormi agarrada à bateria do meu carro. Ou a fazer o pino. Ou metida num bidão de melaço. Ou com papelotes (acho que nunca tinha escrito esta palavra) (papelotes, papelotes).

O meu cabelo ainda não começou a mudar de cor, mas já não estranharia. E até seria a melhor parte do fenómeno. Um cabelo tipo mood ring. Lembram-se dos mood rings, aqueles anéis que (alegadamente) mudavam de cor de acordo com o nosso estado de espírito? Isso teria a sua graça. Embora, pensando melhor, cabelo preto quase todos os dias também cansaria. E lá iria sempre ruiva fazer o amor.

Mas divago.
O que queria mesmo era carpir a mágoa de ostentar hoje a popa que nunca tive - e pela qual tanto suspirei - na altura do liceu. E sem nada fazer por isso. O meu cabelo apresenta hoje, por iniciativa própria, um majestoso tsunami capilar. Centímetros de altura erguem-se da minha testa sem qualquer explicação, numa frondosa popa à anos 90.

Vou vestir umas calças de ganga da Uniform, pôr a tocar uma música dos New Kids On The Block e aceitar com (a) serenidade (possível) o que não consigo mudar.







E nós é que tivemos que o ouvir!

Olha, Deus falou com o Russell Crowe! Diz que para o ano vem aí o Noé.


"De maneiras que vou inundar a Terra e junta lá os animais", sim senhor, isso Ele disse.
Mas dar o toque com um "Oh filho tu pensa bem antes de entrares n' Os Miseráveis. É que parece que para aquilo é preciso saber cantar", nada, não é? Caladinho e a gente que o aturasse.
Grande folião.


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Abraça-me onde a solidão termina

O meu amor tem lábios de silêncio
E mão de bailarina
E voa como o vento
E abraça-me onde a solidão termina

O meu amor tem trinta mil cavalos
A galopar no peito
E um sorriso só dela
Que nasce quando a seu lado eu me deito

O meu amor ensinou-me a chegar
Sedento de ternura
Separou as minhas feridas
E pôs-me a salvo para além da loucura

O meu amor ensinou-me a partir
Nalguma noite triste
Mas antes, ensinou-me
A não esquecer que o meu amor existe


If you suck it, he will come

Tenho várias amigas que não gostam de fazer sexo oral. Gostam de receber (algumas também não gostam, mas sobre isso falamos noutro dia) mas não gostam de fazer. Não fazem. Ponto.

Não gostam do aspeto do sexo masculino. Acham “feio”. Não gostam do cheiro. Não gostam do sabor. Não gostam de eventuais fluídos. Não gostam da pele. Não gostam dos pelos. Muitas, a maior parte, diz não gostar da “submissão”. De se sentirem “inferiorizadas”, “rebaixadas”.
Faço questão de abrir aspas em palavras que são citações diretas, e que estão tão longe da minha opinião que quero destacar isso mesmo.

Sei de mulheres que estão ou que passaram anos - muitos anos - em relacionamentos sérios, namoros e mesmo casamentos, relações em que há, ou em que havia, muito amor e respeito mútuo, e que ainda assim se recusam a fazer sexo oral aos seus homens. Mulheres urbanas, inteligentes, desempoeiradas, sexualmente libertas (no que diz respeito aos restantes pratos da ementa), mas que acham lamentável que alguém naquela relação gostasse que o seu órgão sexual fosse lambido e chupado e tratado como o importante centro de prazer que é.

Eu não entendo estas mulheres.

Irei tentar desconstruir a questão, tomando como referência a pessoa de quem se gosta. Não vamos generalizar para o felácio universal, do encontro ocasional. Não. Falemos apenas do namorado, do marido, do companheiro.

Compreendo que se estabeleçam níveis mínimos de higiene e de embelezamento, se isso não estiver garantido. Não estou a ver um homem que, mediante a afirmação “se estiver lavadinho, eu meto-o na boca” ou “vamos lá a controlar a pequena Amazónia púbica que aí tens, ou vou passar os próximos minutos a catar a língua e a ter vómitos secos”, não corresse para a casa-de-banho de cauda a abanar. Experimentem trocar sexo oral pela lavagem da loiça do jantar. Ou a do carro. Até isso me parece que funcionaria. Por isso, tiremos esse argumento do caminho. Se a questão é essa, é ultrapassável em menos de nada.

Se acham que é feio, cresçam! Em primeiro lugar, é tão feio como um cotovelo ou tão fofinho como uma barriga. É uma parte do corpo. Por si só, tem um valor estético relativo. Presa à pessoa de quem gostam, é suposto ter a atenção que merece. Peguem lá num espelho, sentem-se num bidé e olhem para os vossos pipis. Hã, que tal?

Se são os fluídos, podem sempre usar um preservativo. Plastifiquem a coisa e libertem-se da questão.
Senhores, não será bem o mesmo, bem sei, mas antes assim do que nada, certo?
Compreendo que os sabores e os odores possam incomodar mais umas pessoas do que outras. Eu, por exemplo, não posso ver ninguém a vomitar sem correr a juntar-me a ela. Sou uma enojadinha invejosa. Mas esta é uma boa solução. Para as corajosas, até há preservativos com sabores (sim, corajosas, porque aquilo não sabe a nenhum morango que eu alguma vez tenha comido).

E depois, vem a parte mais complexa: a da “submissão”. Esta parece ser a mais difícil de contornar. Não é plastificável, aparável ou perfumável. Mas vamos lá, pensem comigo: o pénis do vosso homem está dentro da vossa boca. Aquele pedaço de carne que os faz uivar de dor mediante a mais inofensiva das pancadas está na vossa boca. As jóias da coroa. O abono de família. Tudo na vossa boca. Na vossa boca há dentes (na maior parte dos casos) (se não os tem, veja os parágrafos acima e façafavor de ir ter com o seu homem) (já!). A dentição humana é constituída por 32 dentes. Alguns verbos que se podem aplicar ao papel dos dentes são: dilacerar, perfurar, cortar, esmagar e triturar. Tudo isto à distância de centímetros da zona mais sensível do corpo masculino. E falam em “submissão”??
Estarei a ver mal, ou um homem sujeitar-se a uma valente dentada ou a um puxão a seco de uma mulher mais afoita, destreinada ou pouco experiente, é que é a verdadeira submissão? Quando está (literalmente) nas nossas mãos, o prazer de alguém, como é que poderemos estar a ser submissas? Quando controlamos o ritmo e a intensidade do prazer de outra pessoa, simplesmente pela cadência ou velocidade com que lhe tocamos, como não sermos nós a ter total controlo? Como?

Procuro não julgar e aceitar a sexualidade como cada um a vive. Quando falo com amigas sobre este tema, tento compreender qual o ponto de vista de cada uma e de que forma poderia a questão ser ultrapassada. Não tanto pelos homens cujas pilas não estão a ser chupadas, mas sobretudo pelas mulheres que, presas a preconceitos idiotas, vivem intimidades menos completas e relacionamento menos felizes.

Porque o sexo oral faz um homem feliz.
Acreditem. Eu sei.

 
 

O casamento dos Henderson

Esta malta casou-se. Carissa e Adam Henderson.

Não vale a pena procurarem os nomes: não os conhecemos. Mas na verdade devemos-lhes um enorme obrigada.

É que os Henderson tinham uma cabine de filmagem em câmara lenta no casamento deles. E o resultado é o que podem ver.


Não é tão bom começar a semana assim? Eu acho que sim. E aqui mando eu. Portanto, sorriam. É uma ordem.

Só por causa disto, espero que os Henderson façam parte da magra percentagem de casais que se casam e não se divorciam. Mal posso esperar pelos vídeos dos nascimentos das crianças!
Por outro lado, se se divorciassem, podiam voltar a casar novamente e teriamos mais material de qualidade... Hmm, mixed feelings.
Decidam por vocês. E sorriam (já disse!)





sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Ice cream castles in the air

Ontem fui ver um fantástico concerto tributo a Joni Mitchell.
Aline Frazão, Amélia Muge, Ana Bacalhau, Cati Freitas, Fábia Rebordão, Luísa Sobral, Mafalda Veiga, Manuela Azevedo (que foi brilhante), Márcia e Sara Tavares, cantaram maravilhosamente, enquanto o António Jorge Gonçalves ilustrava digitalmente, e em tempo real, as melodias.
Foi mágico. Pena não ser todos os dias.

Gosto de muitas, mas nenhuma me acende as luzes da alma com maior vigor do que esta linda canção.
Tudo o que é pele de pessoa se transforma em pele de galinha.
Querida Joni, cante lá para os senhores.
Senhores, é aumentar o volume, fechar os olhos e ouvir esta maravilha.

Bom fim-de-semana!


Moons and Junes and Ferris wheels
The dizzy dancing way you feel
As every fairy tale comes real
I've looked at love that way

But now it's just another show
You leave 'em laughing when you go
And if you care, don't let them know
Don't give yourself away

I've looked at love from both sides now
From give and take, and still somehow
It's love's illusions I recall
I really don't know love at all

Tears and fears and feeling proud
To say "I love you" right out loud
Dreams and schemes and circus crowds
I've looked at life that way


Ode

Doces, quentes, molhados, repenicados, gulosos, roubados.
Apaixonados.
Com cuspo, com língua, com baba.
Sem dentes.
No carro, no sofá, no jardim, na cama, no chão.
Na cara, na testa, na boca, no pescoço.
Na mão.
Lábios mordidos, pastilhas trocadas.
Queixos esfolados, bocas inchadas.
Antes, durante e depois.
Um ou dois?
“Ora dá cá um e a seguir dá outro,
Depois dá mais um que só dois é pouco.”

E vocês, o que é que vão fazer hoje à noite?


















Finalmente, a resposta

 
 
 
 

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Quem não se deita com o Vitinho tem problemas com as cuecas

Ando a dormir pouco. Muito pouco. Não são insónias e o motivo é bom, mas ainda assim, é pouco.
E como é que eu sei isto? Porque sabes que andas a falhar demasiadas horas de sono quando vais à casa de banho a meio da manhã e percebes que tens a tanga ao contrário. Sim, a parte de trás para a frente, a parte da frente para trás.
Já nem questiono o facto de não ter reparado/sentido a etiqueta no entrepernas, mas como raio não percebi que, não só a parte de trás estava mais para o grandinho, como a da frente roçava o obsceno...?
Agarro-me ao facto de pelo menos a ordem estar certa: cuecas por dentro, calças por fora. A este ritmo, já nem isso posso dar por garantido.
Se um dia destes virem passar uma Mulher de Sonho de pijama, saltos altos e um pente metido no cabelo, shiiiu!, deixem dormir só mais cinco minutinhos.





Ir nadar ao final do dia

Positivo, até passar pelo espelho antes do duche e me ver, pálida como um fantasma, fato de banho até às orelhas, touca branca deformada pelo carrapito em que transformei o meu cabelo e pastosas olheiras de rímel desbotado – descaradamente impingido pela menina da perfumaria como sendo à prova de água (odeio-te, menina da perfumaria).

Sou uma mistura entre a minha tia Alcina, um espermatozoide obeso e o Pierrot.



quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Por ordem alfabética ou vou dizendo?

Este Sábado acontece no Porto mais uma festa “Qual é o teu fetiche?”.
Não sei como é que esta malta tem o meu email mas já recebi uns oito convites.
Dizem eles “O fetiche (do francês fétiche) é o desvio do interesse sexual para algumas partes do corpo do parceiro, para cenários ou locais inusitados, para fantasias de simulação ou para peças de vestuário ou adorno. Rendas, corpetes, cabedais, quimonos, e acessórios, como máscaras, chapéus e chicotes, são bem-vindos!”.

Se eu lhes responder “Vai estar disponível ração para cavalo?” ou “Confirmam que a festa é aberta a menores de 10 anos?” será que param de me convidar?



Diz que apontar é feio

Mas neste caso é obrigatório. Parvo, num mundo em temos gente a viver no espaço, mas obrigatório no metropolitano de NY.

Tendo este procedimento como pano de fundo, eis o resultado de um movimento que fez sorrir tantos condutores subterrâneos (para ver o vídeo é clicar nas palavras a cor diferente - o youtube nem sempre é amigo e deixa pôr aqui os vídeos).

Adoro ideias simples que arrancam sorrisos. São as melhores.

(aponte para o ecrã, se já pensou em sexo hoje)
(vá lá tratar disso, então)
(fica só entre nós)


terça-feira, 12 de novembro de 2013

Once I'm done with you

Yeah, I got a fistful of your hair
But you don't look like you're scared
You just smile and tell me, "Daddy, it's yours."
'Cause you know how I like it
Use a dirty little lover

If the neighbors call the cops
Call the sheriff, call the SWAT, we don't stop
We keep rocking while they're knocking on our door
And you're screaming,"give it to me baby
Give it to me, motherfucker"

Oh, look what you're doing, look what you've done
But in this jungle you can't run
'Cause what I got for you
I promise it's a killer
You'll be banging on my chest
Bang bang, gorilla

Ooh, yeah
You and me baby making love like gorillas
Ooh, yeah
You and me baby making love like gorillas

I bet you never ever felt so good, so good
I got your body trembling like it should, it should
You'll never be the same, baby, once I'm done with you
You, you



Depois de Paris, NY e Milão: Alfragide

E andar 20 minutos a desfilar no estacionamento do IKEA sem saber do carro?

Sapatos de saltos (muito) altos: sim.
Confiança e sensualidade: sim.
Chãozinho de cimento e gases tóxicos: sim.
Duas toalhas azul-bebé, uma frigideira e um vaso com um cacto, tudo quase a cair das mãos: enfim...


 

Queridos leitores que apreciam as artes...

... e/ou que estão interessados em saber mais sobre cross training:
vejam aqui os melhores 3 minutos da vossa semana.


Agradecimentos em géneros serão aceites.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Tenho um part-time e não sabia

Esta coisa de pôr os clientes a desempenhar papéis fundamentais para o processo de compra tem a sua graça. Tenho percebido ultimamente que tenho part-times no Continente, no Jumbo, na Decathlon, na FNAC e no IKEA. E cheira-me que não ficarei por aqui.

Com uma lata bestial, estes senhores sugerem que, se não queremos ficar na fila para pagar – PORQUE ELES NÃO DISPONIBILIZAM CAIXAS EM QUANTIDADE SUFICIENTE (ficava mais caro, não era?) – que o façamos nós em locais que nos transformam em perfeitos mentecaptos sem capacidade para conseguir que o fdp do leitor encontre o fdp do código de barras.
Avançamos alegremente para esta modalidade self-service, satisfeitos, por ter caixas “rápidas” e lá ficamos, em quase 100% das vezes, com ar de rafeiros abandonados, à procura de quem nos ajude a registar o saco das cebolas ou a caixa de gilletes que vem fechada num cofre-forte.
(a propósito, qual é o bando que anda aí a roubar gilettes como se não houvesse amanhã?)
(eu acho que mais valia fecharem as tabletes de chocolate ou os bollycaos, mas eles lá saberão).

Tudo isto para dizer que eu nem me importo de acumular estes part-times, mas senhores, mandem lá o chequezinho, sim?
Já bem basta dar-vos o privilégio de deixar o meu perfume nos vossos corredores.
Rápido e à ordem de Mulher de Sonho. Vá.