quarta-feira, 23 de outubro de 2013

E tudo por apenas 8€ de parquímetro

Ontem fui assistir a uma conferência.
Todo um dia fechada numa sala, numa semana em que a minha lista de tarefas a cumprir atingiu recordes históricos. São afinal as gordas alegrias da mulher de carreira.
Para além das questões profissionais - com as quais não vos maçarei - deixo-vos alguns aspetos que retive.

Há muita gente desleixada
Muita. Demasiada.
Senhoras: apresento-vos a maquilhagem, a escova de cabelo e o perfume. Vão lá conhecer-se melhor. Não é por terem migalhas na permanente e cheirarem ao refogado da minha avó que vamos achar que trabalham tanto que não têm tempo para se porem apresentáveis. Caramba.
Senhores: peguem num espelho e observem as vossas sobrancelhas, as vossas narinas e as vossas orelhas. Agora respirem. Sim, é assustador e sim, garanto que não quererão inserir na vossa boca o pénis de outro homem se tratarem da floresta que tomou conta da vossa cara. Peguem lá numa tesoura (já que uma pinça vos faria gritar como meninas de 4 anos), tirem dois dias de férias e tratem disso.
Tirámos o homem da caverna. Claramente ainda não tirámos a caverna do homem.

Bolos
Quando apresentados em formato XS, não enchem. É praticamente científico. Fiz o teste para poder produzir provas (eu nem queria) (juro). Duas bolas(inhas) de berlim, um rim(zinho) com creme e um bolo(inho) de canela. Tudo aspirado em poucos minutos. Eu? Airosa e fresca e pronta para mais. Sem mácula. Não fosse o recomeçar das atividades, e esta Mulher de Sonho ainda estaria a rondar as mesas de olhos arregalados. Juro.

Say what?
Há por aí todo um novo dialeto. Já deram por ele? Vamos chamar-lhe o américó-consultó-português. O américó-consultó-português não é novo mas quer-me parecer que está mais forte do que nunca. Criou raízes, alimentou-se da Fox, do TED e dos gurus da gestão e está a querer tomar conta do nosso contexto profissional. Em cada frase há pelo menos uma palavra em Inglês. Pelo menos. Multitasking, downsizing, drivers, base lines, brainstorm, teaser. Whatever. Nem os oradores se coíbem de falar assim, assumindo desde logo que todos na sala tiveram contacto com este híbrido da comunicação ou que pelo menos terão a higiene social de ir pesquisar o que não sabem ao Google, enquanto acenam com a cabeça com ar aprovador. Nice.
(Uma nota de mérito para o orador que trocou “engagement” por engajamento. Soa patético mas pelo menos tentou.)

Pérolas
Para terminar, deixo abaixo algumas frases soltas, ditas PELOS ORADORES, aqui e ali durante o dia. Recordo que era uma conferência profissional, formal, (supostamente) séria e que nenhuma destas pessoas era de origem estrangeira e/ou profissional do sexo (pelo menos como principal ocupação profissional - por noites e fins de semana não posso falar). Parece ficção mas prometo-vos que todas as frases são verídicas. E dizem vocês "Ah e tal o contexto". Acreditem, não faria diferença. Desfrutem, sim?
"Let's look at a trailer"
"Toda a gente me comeu tempo"
"Eu sou tão pequenina"
"Tira a bunda da cadeira"
"Não queremos colaboradores saídos"
"Temos que as puxar para cima e o fun ajuda imenso"
"Eu só tenho trabalho manual, manual, manual"
"Fazemos de tudo com ele e funciona muitíssimo bem"
"Por vezes, ir um pouco mais devagar de início permite-nos ir bem mais depressa no fim"

Tudo certo.
Good times.



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